Gabriela Feller, de 19 anos, acaba de conquista o título de campeã brasileira de xadrez, tornando-se representante oficial do Brasil em diferentes campeonatos, inclusive o Mundial da categoria. Simultaneamente, comemora outra conquista pessoal: foi aprovada em cinco universidades dos Estados Unidos para cursar o ensino superior. Optou pela Saint Louis University, no Missouri, que tem um dos mais tradicionais e antigos clubes de xadrez do país.  Lá ela pretende se formar em Nutrição.

Seu mais recente título foi conquistado em Natal, no Rio Grande do Norte, quando sagrou-se campeã brasileira de xadrez sub-20 com a tríplice coroa nos torneios clássico, rápido (10 minutos) e blitz (3 minutos). Com isso, tornou-se a representante oficial do Brasil nos campeonatos Sul-Americano, Pan-Americano e Mundial.

Começo cedo – A bela e até comovente história da enxadrista começou cedo, quando ainda estudava no Colégio Bom Jesus Santo Antônio, em Blumenau. Aos seis anos participou das primeiras aulas do esporte no local e não demorou para conquistar o primeiro título estadual, logo aos oito. Aos 10 anos já comemorava vitórias nacionais quando, então, foi mudando de rumos, percebendo que poderia jogar torneios internacionais e que o esporte se tornaria muito mais do que um hobby para ela.

Desde então Gabriela passou por 12 países, onde esteve em mais de 100 competições estaduais, nacionais e mundiais. Ela já foi campeã no Brasil ao menos sete vezes, além de conseguir o mesmo título em disputas no exterior, como no Sul-Americano Escolar e Pan-Americano Sub-20.

Projetos – Com tanto conhecimento no mundo do xadrez, Gabriela decidiu compartilhar seu aprendizado e participar de projetos sobre o esporte com outras pessoas. Além de conversar em lives e entrevistas sobre a figura da mulher nessa atividade, também acompanha uma ação em Blumenau em que joga xadrez aos domingos com a comunidade. Também ministra aulas em um colégio da cidade e faz parte do projeto-piloto Gerando Falcões, de São Paulo, que ensina cerca de 40 crianças e adolescentes a praticar o esporte.

Recentemente criou um canal no Youtube para divulgar detalhes sobre o mundo do xadrez. Nas redes sociais compartilha vídeos relacionados ao tema. Foi no TikTok, por exemplo, que ela publicou conteúdos com mais de um milhão de visualizações.

Para ela, a oportunidade de repassar esse conhecimento pode proporcionar aos outros uma experiência importante no esporte. Afinal, além dos títulos conquistados, o xadrez também a ajudou a desenvolver virtudes, como resiliência, paciência e solidariedade.

Busca –  Em agosto de 2017, “O Trentino” foi à busca de informações e do paradeiro da família de Gabriela. É que a partir de seu sobrenome, Feller, poderia haver a possibilidade de ela ter raízes em Nova Trento, o que se confirmou.

O que chamou a atenção sobre ela, na época, foi uma reportagem no programa Globo Esporte, da Rede Globo, informando que pessoalmente, levando familiares junto, fez uma campanha para arrecadar pouco mais de R$ 9 mil e assim financiar, por sua conta, sua  ida ao Mundial, no Uruguai, e ao Sul-Americano, no Paraguai. Saiu às ruas para vender mais de 3 mil canetas.  O pai recolheu 150 mil latinas de refrigerante e cerveja.

Origens neotrentinas – Gabriela é neta de Roque Feller, um dos cinco filhos de Pedro Feller Júnior e Carolina Tomaz  Feller (falecidos). Roque nasceu em 1941 e foi estudar em um seminário de Castro, no Paraná, de 1955 a 1959, retornando a Nova Trento. Em 1963 mudou-se para Blumenau e começou a trabalhar na Souza Cruz, como industriário. Casou-se em 1967 e teve três filhos.

Atualmente vivem em Nova Trento os primos de Roque: Luís Feller (Didi), comerciante, Neve Feller, Dorvalina Feller (professora) e a freira Nerita. O pai de Gabriela, Antonio Feller,  é filho primogênito de Roque Feller e Alice Soares Feller. Chama-se Marcos Antônio Feller, tem 55 anos e é técnico em eletrônica. Sua esposa, Cristiane Vicente Feller, 46 anos, é professora de espanhol e trabalha em três escolas de Blumenau. O casal não joga xadrez mas o que pouco que sabem aprenderam com as duas filhas, Gabriela e Isadora, que as apoiam integralmente.

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