Em decisão rara na administração pública, o prefeito Max de Oliveira abriu mão de uma verba federal de cerca de R$ 2 milhões, do Ministério da Saúde, para construção de uma unidade básica de saúde no bairro Ponta Fina Norte, o que causou reação contrária na Câmara de Vereadores, incluindo uma crítica contundente de seu presidente, Gustavo Orsi (MDB), corroborada por outros legisladores, na sessão de terça-feira, 30. Na percepção deles, um gestor público não poderia recusar recursos públicos para investimento, principalmente em área tão sensível como é a saúde.
A polêmica tem um histórico: no final de sua gestão o então prefeito Tiago Dalsasso fez um pré-cadastro, no Ministério da Saúde, visando a obtenção dos recursos (cerca de R$ 2 milhões) para o novo posto e, segundo consta, já teria até uma área escolhida para construção.
Como foi secretário de Saúde e conhecer a área e suas necessidades, assim que assumiu como prefeito eleito Max de Oliveira pediu ao Ministério da Saúde uma extensão do prazo para fazer uma melhor avaliação de todo o processo, e no final de junho comunicou oficialmente que a Prefeitura não tinha mais interesse e que na mesma área de saúde havia (e ainda há) outras prioridades, como a aquisição de um tomógrafo, e passar a atender pessoas que não tinham acesso aos serviços especializados de saúde do município, como os de neurologia, entre outros, para os mais de 160 autistas oficialmente cadastrados e identificados como tal em Nova Trento.
Justificou ainda que a capacidade instalada na saúde de Nova Trento é para dar atendimento a uma população de 30 mil habitantes (a atual é de 13.700) através dos postos do Centro, Besenello, Trinta Réis, Claraiba e Aguti, estrategicamente localizados, e que tem um custo médio mensal, cada um, de cerca de R$ 150 mil, com médicos, equipes diversas, manutenção, equipamentos, etc. Em quatro deles, o atendimento é de 12 horas por dia, com duas equipes.
Um novo posto em Ponta Fina Norte correria o risco de se transformar em um elefante branco, gerando um custo desnecessário em desfavor de outras prioridades e necessidades, defende Max. Conforme sua avaliação, tal posto atenderia menos de 1.200 habitantes, número de moradores daquele bairro, Ponta Fina Sul, Mato Queimado e São Luís, que tem à disposição o de Besenello (foto), cuja capacidade poderia ser facilmente duplicada, com ampliações de custo relativamente baixo.
“Temos que fazer uma gestão responsável e consequente, para não desperdiçar recursos públicos em algo que não tem prioridade, sob risco de, mesmo com aparente orgulho de ver tal investimento, transformá-lo num elefante branco, sem utilidade, pelo menos por enquanto”, explicou Max diante da polêmica que se criou nos últimos dias, acrescentando que sua estratégia de gestão, diante da situação criada, foi atender outras demandas que se apresentaram.
Cita, neste contexto, o atendimento especializado a autistas através de contrato com instituição especializada de Balneário Camboriú a um custo de R$ 65 mil mensais, e fazer novos esforços para, com recursos públicos ou do governo estadual ou federal, adquirir um tomógrafo computadorizado, que se transformou numa das grandes necessidade para a saúde no município. Para Max, o bairro Ponta Fina Norte e seu entorno o que mais precisa é de uma nova escola, cujos encaminhamentos estão sendo dados.