Na noite de 11 para o dia 12 de fevereiro, 130 anos atrás, três jovens mulheres que haviam decidido consagrar-se à vida religiosa – Amábile Wisentainer, Virginia Rosa Nicolodi e Teresa Anna Maule – deliberaram que era hora de expandir sua missão. Deixaram o casebre em que moravam no Vigolo e se mudaram para uma nova e humilde casa de madeira, no centro de Nova Trento, onde fica hoje o Centro de Espiritualidade Imaculada Conceição.

Uma carreata noturna e uma curta peregrinação, no próximo dia 9, vão marcar a importante data, permitindo a seus participantes não só integrar-se à história e trajetória de Nova Trento e em especial da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, como fazer um paralelo entre o ontem e o hoje.

A carreata noturna começa às 19 horas junto ao casebre, em Vigolo, seguida de pequeno ato de abertura e partida, às 19h30, com destino até à Igreja Matriz São Virgílio, tendo à frente, em veiculo aberto, três jovens vestidas como Amábile, Virginia e Teresa. Imediatamente  após a chegada, por volta das 20 horas, começa uma caminhada luminosa do pátio da Igreja Matriz até o CEIC.

No CEIC haverá uma programação especial, iniciando com um momento de reflexão em volta da chamada Casa Relíquia, ou Casa Mãe, onde Amábile, Virginia e Teresa se estabeleceram como moradia na madrugada de 12 de fevereiro de 1894.

Segue-se a celebração da Eucaristia no pátio. Caso chover os atos serão realizados na capela Imaculada Conceição. Independentemente do tempo, o CEIC promete no final um “momento luminoso” para todos os presentes. Toda comunidade neotrentina está convidada.

No silêncio da madrugada

Na coleção de quatro livros  “Do casebre para o mundo – história da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição”, de autoria da já falecida Irmã Teresinha Santa Negri, lançado em 2014, descreve-se o momento que é motivo de comemoração agora, 130 nos depois. A fonte do relato é o livro “Ser para os outros”, da Irmã Célia Cadorin, neotrentina que foi a postuladora da causa de beatificação e depois da santificação de Santa Paulina.

O relato tem como data a noite de 11 de fevereiro para o dia 12, quando as três se prepararam para a mudança, não sem muitas súplicas já que naquela data ocorreu em Vigolo uma novena e uma festa do aniversário da aparição de Nossa Senhora à menina Bernardete, em Lourdes, Portugal, em 1858.

O relato:

“Celebrada, pois, como toda pompa e grande afluência de fiéis, à solenidade, e cansadas como estávamos, fizemos os últimos preparativos para a saída. Se de um lado a entrada da nova casa nos enchia de consolação, de outro lado estávamos comovidíssimas tendo que abandonar (embora ficassem em Vigolo algumas de nossas companheiras) o nosso casebrinho colocado tão pertinho da igrejinha da Imaculada Conceição…

A comoção não nos deixou repousar um instante. Pela meia noite partimos a pé e em grande silencio, para Nova Trento. Éramos a Ampabile, a Virgínia Rosa Nicolodi e a Teresa Anna Maule. Tínhamos nas mãos três embrulhos e dois guarda chuvas. Tinham ficado na casa de Vigolo a Magdalena Ogliari, Catharina Ropelato, as duas pequenas Helena Dallabrida e Rosa Ceccato, e a senhora doente sexagenária. As outras crianças tínhamos mandado para suas casas, a fim de que tivéssemos tempo de organizar a nova pequena comunidade; voltariam depois.

Chegamos à nossa casa pelas três horas da madrugada e descansamos sobre algumas tábuas que aí achamos, até que ouvimos tocar a Ave Maria no campanário da residência do Sagrado Coração de Jesus. Então fomos para a Igreja: participamos da primeira missa e recebemos  a Santa Comunhão das mãos do padre Ângelo Sabbatini, de saudosa memória.

Saindo na Igreja, paramos um pouco na casa  do nosso grande protetor Valle, que nos deu alguma coisa para recuperar as forças perdidas com os trabalhos da noite. Finalmente entramos na nova casa onde ainda trabalhavam alguns homens; eram os pais de algumas meninas que um ano depois entraram conosco. No mesmo día de nossa chegada em Nova Trento participamos o fato aos padres da Companhia de Jesus.

É fácil imaginar qual foi o regozijo que logo se apoderou de nós três vendo-nos agora tão perto da Igreja e com maior facilidade para nossos exercícios espirituais. No dia seguinte a Teresa e a Virgínia voltaram a Vigolo para trazer, num carro de bois, suas camas e outros utensílios para trabalhar e algumas pobres mobílias. No dia 14 arrumamos tudo na casa nova. Finalmente, no dia 16, Amábile, nossa superiora, foi a Vigolo para consolar as que tinham ficado, e que sentiam muitíssimas saudades”.

 

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