Bom Retiro é um belo vale que fica a uns 2 km do Ribeirão Bonito. Já houve lá mais moradores do que as atuais nove famílias, mas continuam com um característica que lhes dá destaque: o belo número de crianças e adolescentes. Mesmo sem ser uma comunidade autônoma na paróquia, havia lá, em anos passados, uma escola, na qual também se celebrava cada mês a missa, dava-se catequese e se realizavam primeiras comunhões.

Para se ir do Ribeirão Bonito ao Bom Retiro segue-se por uma estrada que sobe um alto morro, em cujo topo há um oratório dedicado a São Judas. De lá desce a estrada e se chega ao Bom Retiro.

Nos anos em que a comunidade do Ribeirão Bonito planejava construir sua grande atual igreja de Santa Luzia, o padre Da Poian queria que ela fosse construída no Bom Retiro, mas as negociações para receber como doação um terreno não surtiram efeito, e por isso a igreja foi construída onde está hoje, em terreno doado pela família Carmesini.

Quanto ao oratório de São Judas, ninguém mais soube contar com exatidão sua história. Uma professora, Isaulina Marchiori, para cumprir uma promessa, teria construído uma capelinha de madeira, substituída depois pela atual, de tijolos rebocados. Outro oratório, perto do Bom Retiro, localiza-se em outro lugar do morro, junto a um caminho que leva em direção a São Valentim. Esse oratório, pequeno, é dedicado a Nossa Senhora do Bom Socorro. Por essa mesma estrada as crianças do Bom Retiro iam, em tempos mais antigos, até o Salto, para freqüentar a escola; uma distância de 6 a 7 km.!

Bom Retiro: família Montibeller no ano de 1936. Da esq. para dir: Os quatro primeiros: Ângelo, José, Francisco, João. Os dois maiores em pé, atrás: Hercílio e Luis. Julia com sua filha Bernardina no colo. No meio do casal está Maria. Depois vem o sr. Augusto. As duas maiores: Madalena e Judite. à frente: Teresinha e Clementina. Colaboração: Nahor Lopes de Souza Junior Fonte: alfero.com.br

Dona Célia Till Marchi me forneceu interessantes informações sobre as peripécias dos primeiros colonos que chegaram ao Bom Retiro. Escreve ela: “Vou contar o que minha nona falava.” O nome da comunidade teria sido trazido, pelos imigrantes, da localidade da Itália, donde vieram, que também se chamava Bom Retiro. Entre os primeiros imigrantes havia os Montibeller, os Marchi, Pinto, Till, Cezerino, Carmesini, Dell’Agnelo e Manega.

“Nada foi fácil no início. Já na viagem tiveram muitos sofrimentos. As crianças choravam muito, de fome, de frio e de medo.”

Célia conta que sua nonna falava sobre um bebê que morreu na viagem em alto mar. E agora? O que fazer? Não havia praia onde enterrá-lo. “Então, três dias depois, numa noite muito estrelada, envolveram o corpinho do bebê numa pelúcia, encomendaram-no a Jesus com o sinal da cruz e o baixaram ao mar. Quando de manhã as crianças acordaram e perguntaram pelo bebê, as mães lhes disseram que Nossa Senhora tinha vindo buscar o menininho. Algumas crianças ficaram com espanto, outras ficaram contentes.”

Na travessia pelo mar – conta D. Célia, repetindo as informações de sua nonna – os imigrantes viam muitos bichos feios: baleias, tubarões, lobos marinhos. E ao chegarem ao Brasil, encontraram tantas dificuldades que houve imigrantes que queriam voltar para a Itália ou viajar adiante, para outros países. O novo lugar lhes parecia uma ilha deserta.

Comida era feita sobre fogo de chão. Também aqui havia muitos bichos: onças, tigres, capivaras em manadas, que causavam “paura”. Havia cães do mato, veados, pacas, tatu, cotia, porco do mato bem brabo, gato do mato, jaguatirica, cateto, macacos.

E havia os índios, que chamavam de bugres. Havia também pequenos bichos que os incomodavam: muitas moscas, mosquitos, carrapatos, bicho berne, tantos que se dizia que os vermes comiam as pessoas antes de elas estarem mortas. Agradecemos a D. Célia pelas importantes e interessantes informações.

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