Em várias oportunidades o povo da Itália e especialmente da Província de Trento manifestou sua solidariedade diante de tragédias acontecidas no Brasil e também em Santa Catarina, não só enviando manifestações, mas também materiais diversos e dinheiro. Agora, são os italianos que estão precisando da ajuda dos brasileiros, e dos neotrentinos em especial, diante de trágicas intempéries naturais ocorridas em outubro deste ano no norte da Itália.

O esforço para a reconstrução das áreas afetadas vai demandar cerca de 300 milhões de euros. O setor mais atingido foi a agricultura, com perda de sete mil hectares de bosques, com prejuízo final de 50 milhões de euros. Diante de tal situação, a Província de Trento lançou mundialmente a Campanha Calamità Trentino, buscando um esforço coletivo para a recuperação de várias cidades.

Autoridade avaliando os estragos. Foto: Imprensa Província de Trento

A divulgação da campanha chegou a Nova Trento na última semana e, imediatamente, entidades e pessoas ligadas à trentinidade iniciaram uma intensa mobilização.  Deliberou-se, primeiramente, o envio de um manifesto oficial de solidariedade do povo neotrentino assinada de forma coletiva e enviada aos diversos setores, governamentais ou não, que têm relação constante e direta com o Brasil, Santa Catarina e Nova Trento.

Outra ação que já está sendo planejada será realizada em 26 de janeiro de 2019, no Salão Paroquial de Nova Trento. A ideia é promover uma noite de massas, a primeira Notte Trentina, juntamente com pastéis, bingo e roleta da fortuna. A receita será enviada à campanha. A organização acredita que a comunidade de Nova Trento vai participar porque solidariedade sempre foi sua marca.

Em todas as reuniões que já estão tratando da mobilização um fato importante é recordado. Quando da trágica enchente que se abateu sobre Santa Catarina, em 2008, com quase 200 mortos, uma delegação da província de Trento veio a Nova Trento e depois seguiu para Ilhota e Gaspar.  O objetivo? Realizar doações para a recuperação do território catarinense. Na volta à Itália, as três autoridades perderam a vida na queda do avião da Air France sobre o Oceano Atlântico, gerando uma imensa comoção. Entre elas, estava o saudoso Rino Zandonai, então presidente da Associação Trentino nel Mondo, figura reconhecida pelo carinho com o qual sempre tratou cada descendente de trentino pelo mundo.

Rino Zandonai, ao centro, de camisa laranja, durante a entrega de colaborações aos afetados na enchente de 2008, em SC, a representantes dos Círculos Trentinos. Foto: Divulgação

O ex-prefeito Orivan Orsi, que também é presidente da Associação Beneficente Besenello, lembra, resumidamente, de muitas ações em que os italianos ajudaram Nova Trento e da necessidade de haver uma retribuição, por mínima que seja. Além de providencial ajuda ao Sicoob, relaciona as oportunidades de formação técnica para vários jovens neotrentinos, bolsas de estudo na Universidade de Trento, auxílios para a criação da Trentolat, para a construção da sede do Circolo Trentino, intercâmbios, ida da equipe de vôlei feminino, doações diversas e realização de cursos em diferentes áreas, como em gastronomia e vinicultura.

Mais sobre a tragédia

Em 29 de outubro passado a Defesa Civil Trentina emitiu um alerta vermelho. Começava na Província o mais intenso fenômeno meteorológico dos últimos 150 anos. A chuva, incessante, encheu os rios, o forte vento derrubou árvores, estradas foram fechadas e todas as escolas interromperam atividades no dia seguinte. Os pedidos de ajuda aos bombeiros se tornaram centenas a decidiu-se evacuar 250 pessoas das localidade de Dimaro, Mattarello e Moena no mesmo dia.

O rio Adige, o principal,  superou o nível a 4,94 metros às 23h do dia 29, nas imediações da ponte de São Lorenzo. Foi decidido, em acordo com a Lombardia, abrir a galeria Adige-Garda, permitindo o escoamento de parte da água, porém acelerando o risco de inundação para os veronenses.

Foto: Imprensa Província de Trento

No dia 30 já eram dezenas as estradas fechadas. O transporte público foi interrompido e fechada a ferrovia Trento-Malè. O fornecimento de eletricidade, gás e água potável ficou comprometido em algumas áreas. Também foi registrada a primeira morte: uma senhora em Dimaro, encontrada em sua casa, soterrada por lama e pedras.

As chuvas começaram a cessar em 2 de novembro e, junto a isso, iniciou-se a contabilização dos estragos. Cerca de 100 milhões de euros serão necessários somente para as ações na agricultura.

Foto: Imprensa Província de Trento

 

Deixe um comentário

Por favor, digite seu comentário
Por favor, digite seu nome