A população neotrentina adepta da religião católica apostólica romana diminuiu em 7,83% de 2010 até a realização do Censo do IBGE, em 2022, quando chegou a 80,4%. Este é o dado mais significativo em relação ao município divulgado pelo IBGE na semana passada, quando tornou públicos os dados quanto a religião dos brasileiros levantados no Censo de 2022.
Outro dado significativo de Nova Trento é que 2,64% dos seus moradores se declararam não ter religião. Eram apenas 0,86% em 2010 (veja quadro).
Em Santa Catarina os católicos são 64,3%, os evangélicos 23,40% e os sem religião 6,32%.
NOVA TRENTO (em %)
Religião 2010 2022 mudança
Católicos 88,23 80,4 -7,83
Evangélicos 10,1 12,9 2,8
Espiritas 0,15 0,9 0,75
Umbanda e candomblé 0,2 0,2
Sem religião 0,86 3,5 2,64
Segundo o IBGE, o catolicismo apostólico romano atingiu o menor percentual de autodeclarados de toda a série histórica, iniciada em 1872, mas ainda se mantém como religião mais popular do país — saiu de 65,1% de adeptos em 2010 para 56,7% em 2022. A análise dos dados permite constatar que trata-se da maior diversidade religiosa manifestada em toda a sua história, incluindo aqueles que se permitem dizer sem religião.
O levantamento mostra que a maioria dos católicos se concentra no Nordeste (63,9%) e no Sul (62,4%), com presença majoritária em 4.881 dos 5.570 municípios do país. Em cidades do Rio Grande do Sul com forte influência da imigração europeia, o índice de católicos ultrapassa 95%.
Enquanto isso, os evangélicos mantiveram sua ascensão, com o percentual de autodeclarados adeptos subindo de 21,6% em 2010, para 26,9% no último censo — o crescimento, porém, desacelerou pela primeira vez desde 1960.
Entre 2010 e 2022, o percentual de evangélicos aumentou 5,2 pontos, frente aos 6,5 pontos registrados entre 2000 e 2010. A expansão é mais forte nas regiões Norte (36,8%) e Centro-Oeste (31,4%). Em 244 municípios, os evangélicos já são o grupo religioso predominante, com destaque para cidades do Sul e Sudeste com herança germânica e pomerana.
O retrato religioso do país também destaca o espiritismo, que recuou de 2,2% para 1,8% da população, mantendo-se mais forte no Sudeste. A diversidade étnica se reflete nas tradições indígenas, cujos seguidores passaram a representar 0,1% da população.
Evangélicos cresceram 2,8% – Se a população católica de Nova Trento perdeu 7,83% de seus seguidores desde 2010, a evangélica teve um crescimento de 2,85%. E isso está materialmente demonstrado com as inúmeras construções de templos na cidade nos últimos 20 anos.
Levantamento feito por “O Trentino”, com a colaboração de pessoas que gostam do tema religião, mostra que somente no perímetro urbano, abrangendo o Centro e bairros no seu entorno, há atualmente 16 templos de igrejas evangélicas funcionamento normalmente.
Mas a Igreja Católica continua amplamente dominante. Além da Igreja Matriz São Virgílio, que é o símbolo maior da religiosidade neotrentina, ela tem no município uma estrutura formidável para sustentar a fé, destacando-se os santuários Santa Paulina e Nossa Senhora do Bom Socorro, além de 31 capelas espalhadas por todas as comunidades, desde os bairros em volta do centro até localidades distantes. Isso sem contar as dezenas de pequenos oratórios, capelinhas, capitéis e grutas, onde há eventos comemorativos, festas e onde pessoas se reúnem para rezar.
Afora a católica, uma das primeiras religiões a se instalar em Nova Trento foi a luterana, logo após os primeiros anos da imigração italiana, no distrito de Claraiba. Sua igreja, onde se realizam seus cultos e eventos, foi construída em 1957 (foto), no lugar de uma anterior, de 1898.
Porquê os evangélicos já são tantos? Uma das principais respostas vem do fato deles não só investir em evangelização dentro dos templos, mas também nos meios de comunicação de massa como rádio, TV, redes sociais, jornal, revista e da literatura. O alcance da evangelização pelos meios de comunicação alcança um maior número de pessoas, em um menor espaço de tempo, a um custo financeiro mais baixo.
Um exemplo do investimento aconteceu nas redes sociais. Desde a pandemia da covid-19, muitas igrejas começaram a transmitir os cultos ao vivo pelo YouTube. Essas transmissões alcançam os lugares mais distantes do Brasil porque a internet não tem barreira geográfica. Isso ajuda a espalhar as ministrações dos pastores.
Os evangélicos também cresceram porque as pessoas buscam sentido para suas vidas por meio da religião e esse segmento tem uma mensagem de esperança e de amor para transmitir. Os evangélicos cresceram porque se fazem presentes nas capitais e nas cidades do interior do Brasil, investem em assistência social ajudando os mais necessitados com diversos projetos como assistência médica e odontológica, assessoria jurídica, aconselhamento pastoral, atendimento psicológico e distribuição de cesta básica, entre outros auxílios.