O desempenho da Seleção Brasileira de Voleibol Feminino nas Olimpiadas de Paris levou o G1, o portal de notícias do grupo Globo, a  publicar extensa reportagem sobre a neotrentina Vandelina Maria Tomasoni Ribeiro, a coordenadora do projeto que tantos nomes já deu para a modalidade país afora. Muitas das informações publicadas são inéditas, isto é, Vandeca nunca as tornou públicas como agora.

O portal destaca inicialmente que Vandeca é apaixonada por vôlei há pelo menos 50 anos. Chegou a tirar valores do próprio salário e a ficar com a conta bancária negativada para manter vivo o projeto social Voleibol Nova Trento. Aos 62, ainda à frente do projeto que projetou a atleta olímpica Rosamaria Montibeller,  batalha por uma nova conquista: um ginásio próprio para capacitar as atletas integrantes, cerca de 100 meninas.

Desde que foi convidada a treinar gratuitamente um grupo de 12 meninas, há 26 anos, Vandeca do vôlei, como é conhecida, se dedica a dar visibilidade ao esporte. “Fui enfermeira, bancária, do lar. Fui um pouco de tudo, mas me apaixonei mesmo pelo voleibol. Eu falo que fiz as melhores escolhas, porque eu escolhi o voleibol e através dele eu posso transformar vidas e realizar sonhos, inclusive os meus sonhos”, afirma.

A realização dos sonhos citados por Vandelina, no entanto, não foi um caminho simples, relata a reportagem. Conta que, ao assumir o grupo de meninas para treiná-las, por amor ao esporte, logo idealizou a ampliação. Para isso, precisou buscar parcerias e apoiadores públicos e privados, além de tirar dinheiro do próprio bolso.

Foto: Patrick Rodrigues/NSC

“Eu chegava a pagar o professor, técnicos com o meu salário e do meu marido. Nós botamos muito dinheiro do bolso para não perder o projeto, porque eu sabia que se em algum momento desistisse eu não conseguiria buscar ele novamente. Fiz loucuras” conta. A sua determinação e insistência com o projeto que leva o nome da cidade de menos de 14 mil habitantes,  revelou Rosamaria, um destaque na Seleção Brasileira feminina de vôlei, como atleta.

Essa entrega de Vandeca continua possibilitando qualificação para cerca de 100 jovens de 8 a 18 anos que sonham em integrar grandes times e representar o Brasil em competições internacionais.  “Hoje o projeto Voleibol Nova Trento oportuniza meninas de todas as idades, do país inteiro e tem como objetivo formar grandes atletas no voleibol para que elas escolham, no futuro, suas profissões e que sejam bem-sucedidas”, diz.

Além de Rosamaria, o maior orgulho de Vandeca, outras meninas lhe brilham os olhos por seguirem se destacando. Ela conta que há atletas formadas no projeto em times dos Estados Unidos, outras na Superliga Brasileira de Voleibol e outra na Seleção de Base.

Desde pequena, Vandeca gosta de esportes. Diz que sua afinidade com as atividades físicas começou na infância, por causa de sua família. Lembra de ouvir os jogos na rádio com o pai, na infância, e gostar muito. Na escola, aos 12 anos, teve o primeiro contato com o vôlei, esporte que já admirava. Se apaixonou. Cresceu, se profissionalizou em outras áreas, mas continuou jogando, enquanto se aperfeiçoava. Casou, teve filhos e seguiu nutrindo o gosto pelas quadras, até surgir o convite para atuar com o pequeno grupo de meninas.

“Fui me especializando em cursos para voleibol, até o período que precisei trazer pessoas para me ajudar. E aí eu trazia técnicos para cuidar da parte de rendimento, e eu fiquei cuidando da escolinha e administrando o projeto”, relata. Há um ano, Vandeca perdeu o marido que esteve ao seu lado desde o início do sonho. Mesmo assim, ela segue, porque encara a formação de novas atletas como uma grande missão.

“Eu falo que a ‘Vandeca’ só existe porque apareceu o voleibol. Ninguém me conhece por Vandelina. É Vandeca do vôlei. Então eu digo que sem o voleibol a Vandeca não existiria. Sem Vandeca não existiria o projeto. E sem o projeto não teria Rosamaria hoje. Foi uma parceria que deu muito certo”, conclui.

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