Povo ausente

Quem viu tudo pela televisão e muito mais nitidamente os que estiveram presentes na posse do governador Carlos Moisés, anteontem, notaram um fato incomum: a ausência de povo. Extensos espaços das galerias da Assembleia Legislativa ficaram vazios, por exemplo. A análise que alguns fizeram do fato: o eleitor de Carlos Moisés não se sentiu envolvido na sua campanha e simplesmente seguiu a “onda” Bolsonaro, cravando o 17 na urna. O voto, em sua maioria, foi em um número. Está aí mais um desafio do novo governador: trazer o eleitor para ser partícipe de sua gestão, de forma direta ou indireta.

Foto: Divulgação


 

Antes e depois

Em discurso de posse, na Assembleia Legislativa, o governador Carlos Moisés dirigiu-se aos poucos deputados estaduais para dizer que acredita em “um relacionamento que tenha os interesses de SC acima de qualquer disputa de interesse pessoal ou divergência partidária”. Deputados estaduais, em sua maioria ligados à velha política, mandaram um recado: ausentaram-se do ato. Estão ressabiados porque Carlos Moisés, atendendo recado das urnas, não montou sua equipe como se fosse um balcão de negócios. As famosas listas de indicações foram repelidas. Se para o bem ou para o mal, o tempo dirá. Mas já fez história.

Privatização

Ao assumir o cargo, ontem, o novo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que tem duas prioridades imediatas: reduzir as tarifas de energia e acelerar o processo de privatização da Eletrobras, onde entra a estatal Eletrosul, com sede em Florianópolis, e desde o sempre usada e abusada politicamente. Vai tarde.

Mérito

O jovem empresário catarinense Jorge Seif Júnior, secretário nacional da Pesca, conta que foi por sua iniciativa pessoal que em novembro do ano passado procurou Jair Bolsonaro para expor as agruras do setor. O então candidato, depois de ouvir tudo atentamente,  o inquiriu: “Você acha que consegue resolver isso?” Respondeu que se houver boa vontade e respaldo, sim.  Em dezembro Seif foi convidado para assumir o cargo, conquistado pelo seu conhecimento. As intrigas de que poderia haver conflito de interesse, por ser filho de empresário que opera navios industriais, cuja autorização depende da secretaria, são atribuídas a petistas que por anos a mandaram e desmandaram na pasta.

Vaidades

Reclamou-se aqui do festival de vaidades, com pomposas sessões solenes, anteontem,  promovido por câmaras de vereadores para empossar suas novas mesas diretoras, o que poderia ser possível em sessão simples e ordinárias, no início dos trabalhos legislativos. Pois bem. Em Lages, findo seu mandato, o presidente que saiu, Luiz Marin (PP) quis ser prático, mandando a chave da sede do Legislativo para o novo presidente, que não se conteve: resolveu fazer a solenidade.

De araque

Cadê as nossas feministas – dentre elas várias atrizes da Globo –  que até agora não fizeram nenhuma manifestação, nem a favor nem contra, acerca do show da nova primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro, nos atos da posse presidencial? Simpatia, postura e beleza à parte, ganhou milhões de fãs com sua interpretação da língua de sinais.

Caça às bruxas

As primeiras demissões de cargos de confiança do novo governo Bolsonaro começaram ontem com uma operação pente-fino visando identificar quadros do PT dentro da máquina administrativa. Uma das formas de caça é a checagem em redes sociais. Postagens como “Ele não”, “Fora, Temer”, “Foi golpe”, “Marielle vive” é motivo para dispensa sumária.

Análise

Talvez um dos mais equilibrados analistas políticos do país, Merval Pereira diz em “O Globo” que Jair Bolsonaro foi eleito por “cidadãos claramente radicalizados, a quem ele dedica sua retórica de guerra política. Mas só venceu porque muitos cidadãos resolveram que ele era o mal menor, o erro novo, contra a possibilidade de o PT, o erro antigo, voltar ao governo”. Dúvidas?

Posse de arma

A determinação do presidente Jair Bolsonaro de flexibilizar o porte de arma põe em evidência, novamente, o deputado federal catarinense reeleito Rogério Peninha Mendonça (MDB). É dele o projeto mais avançado, no Congresso Nacional, sobre o tema, embora apresentado em 2012 e pronto para votação. Reduz a idade mínima para a posse de 25 para 21 anos e permite o acesso para pessoas que respondem a inquérito ou processo criminal, contanto que não tenham sido condenadas por crime doloso.

 

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