Na localidade de Chácara Maranata, que tem 10 casas que se espalham ao longo da extensa lomba do Morro da Divisa, no bairro Ponta Fina Norte, está surgindo um novo negócio em Nova Trento: a Queijaria Pelegrini, um pequeno porém caprichado empreendimento do técnico agrícola Valdecir Alves Ferreira.
A pequena construção de 48 metros quadrados já abriga vários equipamentos, como tanque de coalho, sala de maturação, expedição, lojinha comercial, entradas sanitárias e vestiários onde já, de forma experimental, estão surgindo os primeiros queijos da marca.
São queijos do tipo colonial, que comercialmente é conhecido como serrano. É assim chamado porque elaborado na propriedade de origem a partir do leite cru, integral e recém-ordenhado, que se obtém via coagulação enzimática por coalhos. Se caracteriza pela prensagem manual, cujo produto final apresenta massa uniforme e consistência firme, com cor e sabor próprios, isento de corantes e conservantes, conforme a tradição da região serrana de Santa Catarina.
Assim que a queijaria conseguir o Selo de Inspeção Municipal (SIM), o que deve acontecer nos próximos dias, ela poderá vender sua produção em todos os 22 municípios da Grande Florianópolis.
Numa outra fase, que estima concretizar nos próximos dois anos, Valdecir quer obter o chamado Selo Arte, do governo federal, que abre o mercado da Queijaria Pelegrini para todo país, mas não apenas só para o tipo serrano, como também o parmesão e o nostrano, que é um queijo tipicamente nentrentino trazido para cá pelo pizzaiolo Iggio Dalri, que morou na Itália alguns anos, trabalhando com queijos, inclusive.
Independência – Ao contrário de investimentos anteriores em queijarias em Nova Trento – o último foi do Laticínio Trentolat, no bairro São Roque, que começou a produzir em 1999 e encerrou atividades em 2020 – Valdecir Ferreira não depende de terceiros quanto a estratégica matéria-prima para seu empreendimento: o leite.
Toda provém da Chácara Maranata. Sua produção diária atual é de 120 litros, extraídos de 17 vacas da raça Jersey. Sua meta, com uso de tecnologias modernas na área, é que a produção média diária alcance 300 litros nos próximos dois anos, com 10 vacas. De forma permanente, Valdecir reserva bezerros fêmeas para no futuro também produzirem a necessária matéria-prima.
Com a ajuda dos pais, trazidos do Meio-Oeste catarinense, quase toda a família está envolvida no negócio. Valdeci fica no controle geral, incluindo todos os cuidados de certificação quanto a exames dos animais, como de brucelose e tuberculose. O pai, Fabricio, faz a manutenção de tudo, incluindo a limpeza da pastagem; a mãe, Gertrudes, a Tude, de sobrenome Pelegrini, dado à queijaria, se ocupa dos afazeres típicos do negócio, e o filho adolescente, da ordenha.
Dessa forma o negócio começou a engrenar e com 90% de recursos próprios. O que entra de dinheiro, por enquanto, vem da venda no postinho dentro da queijaria. O produto oferecido é o tipo serrano, por R$ 48 ao quilo. Mas quando tiver o selo do SIM o neotrentino poderá experimentar um produto genuinamente local e disponível no comércio.