A comunidade do Ribeirão Veado é uma das mais afastadas do centro da paróquia. Pode-se ir para lá por Ribeirão Bonito e Valsugana, atravessando, nesse caso, um trecho do município de Major, nas proximidades de Pinheiral, o que é mais perto, ou indo por Aguti e Trombudo, o que é mais longe. O lugar é um vale amplo e belo.

A igreja da comunidade é dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, e a essa igreja acrescentaram, há poucos anos, uma torre com pequeno sino. Na fachada dessa torre agradável surpresa: um grande nicho, com vidro na frente e uma bela e grande estátua do Sagrado Coração.

Atrás da igreja, na subida dos morros, o cemitério, um cemitério muito antigo, existindo já há uns 100 anos e anterior ao de Trombudo, sendo que os moradores de Trombudo e das Cancelas vinham, antes, enterrar seus mortos em Ribeirão Veado. Perto da igreja está o Salão de festas, amplo, novo.

Antes da igreja atual, que existe há uns 45 anos, havia uma de madeira, que tinha um belo altar de madeira e até um coro, onde os cantores cantavam nas festas. Quem me deu essas informações, seu Jeremias Kricinski, pergunta onde esse altar estaria hoje, pois na nova igreja não foi colocado.

Padres vinham a cavalo

Quando os padres da paróquia não tinham carros para ir às capelas, eles iam a cavalo. Não vinham cada mês, como agora, mas só de 6 em 6 meses. Sempre são lembrados os padres Da Poian, Afonso Persch, José Ely e Armando Fritzen.

O padre costumava ficar dois ou três dias. Dava catequese, palestras aos pais, missa, confissões e fazia bênção das casas.

Antes da igreja atual, que existe há uns 45 anos, havia uma de madeira, que tinha um belo altar de madeira e até um coro, onde os cantores cantavam nas festas. Foto: Carlos Pedrotti.

Escola era de madeira

A primeira escola era de madeira. Lembram o nome de algumas das antigas professores: Odília Buttchevitz, que vinha de Valsugana e durante a semana ficava morando no antigo salão. Outras professoras vieram depois: Maria Koerich, Apolônia Sumik Resner que animava o canto nas missas e nos terços dominicais, e a professora Bernadete. Meu informante me disse que as duas últimas ainda vivem. Seu Jeremias ainda lembra que foi à escola só um ano; depois o pai o reteve em casa, para ajudar na roça. Atualmente, desde uns 20 anos para cá, as crianças são levadas à escola de Aguti.

No Ribeirão Veado havia mais gente que hoje. Quando havia missa, me disse Jeremias, havia “uma imundície de gente, como hoje quando há festa.” Havia 16 famílias, todas de 8 filhos para cima, geralmente. O trabalho de roça não era de fumo, que começou há uns 50 anos. Hoje, com o auxílio de fertilizantes, planta-se também morros acima, o que antigamente era raro, pois se plantava quase só “nos grotões”. Plantava-se trigo, cevada, formentão, arroz, centeio, mandioca, milho. O pão caseiro era de milho e centeio; de trigo, só raramente.

Nas famílias, como já vimos, nem sempre as crianças eram mandadas à escola até completarem o primário. Costume muito comum em todas as famílias era rezar à mesa, mas em geral só no fim da refeição. À noite era rezado o terço em família, todo ajoelhado.

A comunidade de Ribeirão Veado é, junto com as de Aguti, Conquista, Oito Casas e Trombudo, uma das cinco que só no ano de 1989 foi integradas, pelo arcebispo Dom Afonso Niehues, à paróquia de Nova Trento, fazendo, antes, parte da paróquia de Leoberto Leal.

No fim nos recorda seu Jeremias os nomes de famílias mais antigas, reunindo muitos descendentes de alemães e poloneses: eram os Sumik, Kricinski, Peixe, Petroski, Ferreira,Vissoski, Rubik, Abramovicz. Algumas saíram. Outras entraram: os Murcheski, Iatzack, Leal, Kall, Rudkoski e Will.

 

 

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