Começo contando a história da igreja do Alto Pitanga. É uma história bastante complexa. Ela me foi relatada por várias pessoas de lá. No início, as atuais comunidades do Baixo Pitanga e do Alto Pitanga eram uma única comunidade. E a igreja dessa única comunidade estava no Alto Pitanga, maisou menos um quilômetro abaixo da atual igreja de Santo Inácio, em terreno cedido pela família Michinoski. “Foi a primeira igreja do lado de cá do rio.” Padroeira era a Sagrada Família.

Junto a essa igreja estava também uma escola e o cemitério. Na década de quarenta do século passado, mais exatamente em 1947, foi decido formar uma nova comunidade, sendo então construída a atual igreja do Baixo Pitanga, para onde foi levada a padroeira Sagrada Família. Essa transferência da imagem da Sagrada Família deixou as famílias do Alto Pitanga muito sentidas.


“Houve pessoas que choraram por ter sido levada embora a Sagrada Família.” Durante uns quinze anos, as famílias do Alto Pitanga foram então para as missas e o terço no Baixo Pitanga.

Foi quando a família de José Marcolla, o “Bepin”, ofereceu e doou um terreno para construir uma nova igreja no Alto Pitanga. É o terreno onde se encontra a atual igreja. Primeiro foi construída uma igreja “bem grande”, de material, torre com sino e ampla sacristia. Mas essa igreja não durou muito, “praticamente nunca foi bem terminada”. Começou a não ser segura, aparecendo uma fissura na parede.

Em vez de reformá-la, a comunidade decidiu demoli-la e construir uma nova, menor, de material, com o mesmo sino, e que é a atual igreja de Santo Inácio de Loyola, o novo padroeiro. Foi também feito um novo cemitério, na colina, atrás da igreja, tudo como é hoje. Quatro coqueiros foram plantados nos quatro cantos, indicando os limites do terreno destinado à capela e ao cemitério. Os tijolos foram feitos de forma artesanal na própria comunidade. Igualmente, as madeiras foram serradas nas serrarias da região. A imagem de Santo Inácio foi doada por Vicente Adami.

Quanto ao nome “Pitanga”

Ao contrário do que se poderia pensar, esse nome não advém da deliciosa frutinha silvestre chamada pitanga, mas de um político de Santa Catarina, que foi deputado estadual e presidente da Assembleia Legislaiva em Florianópolis, Olímpio Adolfo de Souza Pitanga (1836-1906).

A história do Pitanga teria começado pelo ano de 1876 por colonizadores vindos da Itália e de diversos lugares do Brasil, inclusive do Nordeste, e que lá se estabeleceram, adquirindo seus lotes, sem muitas formalidades. Famílias antigas da comunidade foram os Lacerda, Dutra, Tomasi, Marcolla, Muraro, Michinoski, Maçaneiro, Machado, Pereira, Müller, Serafim, Voltolini, Pianezzer. Um cristalino ribeirão, descendo das altas montanhas que fazem parte da Serra do Veado, ao Sul, atravessa todo o Alto Pitanga, serpenteia também pelo vizinho Baixo Pitanga para, enfim, desaguar no Rio do Braço, já perto da comunidade do Lajeado.


Atualmente, são vinte e poucas as famílias do Alto Pitanga. Já foram o dobro. O fenômeno de emigração para cidades como Brusque, Itajaí, Joinville, São João Batista e mesmo Nova Trento, se realizou também lá, como em praticamente todo o interior de Nova Trento.

A comunidade no Alto Pitanga continua bem animada. Continua também viva a memória de antigos ministros, catequistas, membros de diretorias e do Conselho. Muitos já são falecidos, vários foram morar em outras cidades e outros continuam a atuar na comunidade.

Assim, são lembrados nomes como:

Luís Marcolla, Elza Marcolla, Benta Dutra, Irene Dutra, Dorvalina Lacerda, Ermínia Tomasi, Adelaide Tomasi, Anita Lacerda. Lembram também catequistas como: Dorvalina Maçaneiro, Benilde Marcolla, Antônia Benta Lacerda, Cilene Vanatt, Josiane Tomasi, Edirleia Tomasi, Adriana Lacerda, José Antônio Lacerda. Sob o incentivo de sempre novas lideranças, a comunidade do Alto Pitanga realiza celebrações alegres, onde não falta o som e o ritmo popular do acordeão e do violão de Modestino e Enes Tomasi. Dona Cremilda Tridapalli ornou, há vários anos, o interior da capela com bonitas figuras de anjos.


Além de Santo Inácio, a comunidade celebra também a festa do Senhor dos Passos. O que causa impressão muito boa nos visitantes é o cuidado com que é conservado o cemitério da comunidade. Causa também boa impressão no visitante uma simpática capelinha dedicada a Nossa Senhora Aparecida, logo após o primeiro núcleo de moradores, numa curva da estrada, sendo que em frente a essa capelinha corre o acima referido ribeirão de águas cristalinas.

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