A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Trento acaba de assinar contrato de prestação de serviços com uma clínica especializada de Balneário Camboriú, para começar a dar atendimento à população autista neotrentina. Atualmente, 17 pacientes estão cadastrados para atendimento na rede municipal de saúde, mas estima-se que o número seja muito maior. Eles mesmos ou suas famílias, devido à complexidade da enfermidade, normalmente tem procurado serviços especializados em grandes centros urbanos do Estado.

O compromisso ajustado, observa o secretário Maxiliano de Oliveira, que fez todos os encaminhamentos, prevê que além do diagnóstico dos pacientes de autismo, a clínica também vai capacitar servidores da Secretaria Municipal de Saúde não só para atendê-los, como receber informações de que maneira, mesmo preliminarmente, notar sinais que podem levar a se confirmar um diagnóstico e, assim, iniciar o atendimento necessário.

Até agora não havia, no âmbito municipal, um atendimento especializado para aquelas pessoas a não ser o feito por psicólogo e psiquiatra que, conforme o caso, faziam o encaminhamento adequado para fora de Nova Trento. De agora em diante, os pais com filhos autistas já podem procurar os postos municipais de saúde para o atendimento com mais especialistas, tanto para diagnóstico como para tratamento, se for o caso.

 O que é autismo

O autismo é um problema psiquiátrico que costuma ser identificado na infância, entre 1 ano e meio e 3 anos, embora os sinais iniciais às vezes apareçam já nos primeiros meses de vida. O distúrbio afeta a comunicação e capacidade de aprendizado e adaptação da criança. Que fique claro: os autistas apresentam o desenvolvimento físico normal. Mas eles têm grande dificuldade para firmar relações sociais ou afetivas e dão mostras de viver em um mundo isolado.

Anteriormente o problema era dividido em cinco categorias, entre elas a síndrome de Asperger. Hoje, ele uma única classificação, com diferentes graus de funcionalidade e sob o nome técnico de transtorno do espectro do autismo. O jeito de lidar com cada um varia.

Foto: Divulgação

Na forma qualificada como de baixa funcionalidade, a criança praticamente não interage, vive repetindo movimentos e apresenta atraso mental. O quadro provavelmente vai exigir tratamento pela vida toda. Na média funcionalidade, o paciente tem dificuldade de se comunicar e repete comportamentos. Já na alta funcionalidade, esses mesmos prejuízos são mais leves, e os portadores conseguem estudar, trabalhar e constituir uma família com menos empecilhos.

Há ainda uma categoria denominada savant. Ela é marcada por déficits psicológicos, só que com uma memória fora do comum, além de talentos específicos. O autismo não possui causas totalmente conhecidas, porém há evidências de que haja predisposição genética para ele. Outros reportam o suposto papel de infecções durante a gravidez e mesmo fatores ambientais, como poluição, no desenvolvimento do distúrbio.

Os principais sinais e sintomas:

Bebês que evitam o contato visual com a mãe, inclusive durante a amamentação; choro ininterrupto; apatia; inquietação exacerbada;  pouca vontade para falar; surdez aparente: a criança não atende aos chamados; transtorno de linguagem, com repetição de palavras que ouve; movimentos pendulares e repetitivos de tronco, mãos e cabeça; ansiedade; agressividade; resistência a mudanças na rotina: recusa provar alimentos ou aceitar um novo brinquedo, por exemplo.

O autismo é de duas a quatro vezes mais frequente em meninos do que em meninas. 

Outros fatores de predisposição são a genética, poluição e infecções, como rubéola durante a gravidez. Na falta de causas comprovadamente capazes de provocar o autismo, a recomendação para as grávidas é evitar ambientes com alto nível de poluição, exposição a produtos tóxicos e ingestão de bebida alcoólica, por exemplo. Outra medida bem-vinda é se vacinar contra rubéola para evitar essa doença infecciosa durante a gestação.

O diagnóstico

Em geral, o médico considera o histórico do paciente, a observação de seu comportamento e os relatos dos pais. A partir daí, ele costuma seguir critérios estabelecidos pelo Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ou pela Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde. São observados ainda traços como inabilidade para interagir socialmente e comportamento restritivo e repetitivo.

Não existem exames laboratoriais ou de imagem que ajudem a identificar o autismo.

Se por um lado há autistas gravemente incapacitados, que não conseguem nem falar, por outro se encontra o problema em pessoas com alto desempenho em alguma habilidade, como pintar ou fazer contas matemáticas. Pacientes de alta funcionalidade, com ausência dos sinais clássicos da doença, muitas vezes acabam recebendo o diagnóstico correto apenas quando adultos.

O tratamento

Não há cura para o autismo. Remédios para lidar com ele só são prescritos na presença de agressividade e de outras doenças paralelas, como depressão. O tratamento deve ser multidisciplinar, englobando médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e pedagogos. Em resumo, tudo isso visa incentivar o indivíduo a realizar, sozinho, tarefas como se vestir, escovar os dentes e comer.

Isso, claro, sempre de acordo com o grau de dificuldade de cada criança. Quando as intervenções são feitas precocemente, há boa chance de melhora nos sinais do autismo. (Goretti Tenório e Chloé Pinheiro).

 

Deixe um comentário

Por favor, digite seu comentário
Por favor, digite seu nome