Por Lacioni Wolf, professor, Nova Trento.

O assunto do momento na educação é a proibição do celular na sala de aula. Aos ensinos tradicionalíssimos que atravessam séculos parece uma medida corretíssima. Aos olhos dos conteúdos pragmáticos, inoperantes e, muitas vezes, sem cabimento, é sem dúvida uma medida necessária. A escola está tão parada no tempo que não conseguiu andar junto com a tecnologia. Escola que se preocupa em ensinar tais conteúdos que não agregam muitas vezes em nada no dia a dia. Que faz com que o aluno entre desmotivado e saia mais desmotivado ainda, ensino rotineiro.

Escola que não prepara o adolescente para o mercado de trabalho, que roteia conjugação verbal, fórmula de Bhaskara, tabela periódica, entre outros conteúdos supérfluos. Que há anos não consegue mais acompanhar as gerações que vem vindo. Parou no tempo. Só não vê  quem não quer. Escola que faz “prova” que não prova  nada.

O celular ganhou esta batalha, ele evoluiu, trouxe dinamismo, tecnologia, entretenimento. E a escola não se alinhou ao moderno, ao atual, ficou no quadro negro, no giz (agora foi trocado por canetão), mas a metodologia é a mesma. Os tempos mudaram, a escola não. Tudo mudou, a escola não. A formação acadêmica também não.

É preciso inserir a tecnologia, “quebrar” a rotina, ensinar essa mocidade a ser crítica, a pensar fora da “caixa”. O uso correto da crase não muda em nada na sua vida, nem o tão famoso verbo “to be” que até hoje não sei para que serve. Nossos pais e avós estudaram o que os alunos estudam hoje, a mesmíssima “coisa”. Ah! “Mas eles são homens honrados, trabalhadores”. São, sim, mas não por causa da escola, né?! Mas, sim, por uma educação que veio de berço. Meu pai é prova disso, nunca colocou os pés na escola e é um ser humano espetacular. Educação vem de berço, escola nunca educou ninguém.

Não é o celular, nunca foi. Na nossa época não tínhamos celular, e isso não nos fez em nada ser mais inteligentes do que esta geração. Época essa que “gazeávamos” as aulas, pulávamos o muro, ficávamos super felizes quando faltava um professor. Sabe para quê? Para não assistir às aulas. Não é o celular que diminui a vontade de estudar; é o próprio ensino-aprendizagem que não é atraente.

É preciso estudar o que realmente vamos usar na nossa sociedade. Do que adianta decorar uma tabela periódica? Alguém saberia me responder? Não é preciso fazer uma conta enorme para dar X= 9; que conta é essa? Qual a serventia? O que esta conta muda na minha vida? Nada!

Uma vez aprendi a fórmula de Bhaskara, tirei 10 na prova. Dias depois esqueci tudo que diz respeito a conta que fiz, e até hoje nunca mais a usei. E assim aconteceu com todos ou quase todos os conteúdos que aprendi. Não é o celular, não. Nunca foi. Como afirmava Rubem Alves: “A indisciplina é apenas o resultado de um ensino forçado”.

 

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