Aguti é uma comunidade grande, com mais ou menos 85 famílias. É distrito do município, com Intendência, Cartório, Agência de Correio e Escola Municipal. Na região de Aguti e nas comunidades vizinhas de Conquista, Trombudo, Rio Veado e Oito Casas, continua sendo plantado bastante fumo. Um trecho da rua central recebeu calçamento há alguns anos. O Rio do Braço passa pelo meio da comunidade. Há vendas, posto de gasolina, oficina mecânica, cultivo de mudas, agência da cooperativa de luz e Posto de Saúde. As informações que seguem me foram passadas por Décio Müller.

Hoje, o núcleo central da vila de Aguti localiza-se à margem esquerda do rio; mas tudo começou no lado direito, onde moram agora os Pering e os Renger. Lá estava a primeira igreja, de madeira, mas “bastante grande”, e o cemitério também era naquele lado. Como a maioria dos moradores tinha suas casas do lado de cá e a travessia sobre o rio era por uma ponte de arame, foi decidido, a certa altura dos acontecimentos, passar tudo para o lado de cá. Quanto à ponte de arame, ela era de tal tamanho que o padre passava por ela com o jipe da paróquia.

Família de José João Voltolini (nascido em 1882), filho de Carlo Antonio Voltolini (emigrado do Tirol a Nova Trento em 1875). A foto foi tirada a aproximadamente 80 anos atrás, no ano de 1933, em Cotia/Aguti – Nova Trento, Santa Catarina, região que residia o casal. Foto e fone: alfero.com.br

A igreja de São Paulo

Tirada a igreja do lado de lá, foi construída uma do lado de cá. Era de tijolos, com torre e sino. Quanto a esse sino, de maravilhoso som, já era o mesmo da igreja atual, tocado, durante mais de trinta anos, com uma comovedora fidelidade, pelo senhor José Renger, o “Iuppe”. A primeira igreja do lado de cá ficou em uso por uns 20 anos. Ela se tornou pequena, com o aumento da população e, por isso, pelo ano de 1978, foi construída a atual igreja, grande, sem colunas e com ampla sacristia. Padroeiro é São Paulo Apóstolo.

Amplo pátio cerca a igreja e, nesse pátio, cresce uma majestosa figueira, que é como que uma árvore amiga que acolhe sob sua sombra, e nos bancos que a cercam, os que vêm para as celebrações na igreja. Em frente, já no outro lado da rua pavimentada, localiza-se o grande e bem cuidado cemitério, protegido por um belo muro. Ao lado da escadaria que leva ao cemitério, está uma tradicional gruta de Nossa Senhora de Lourdes, festejada cada ano. No mesmo lado do cemitério, estão os prédios da Escola com seus pátios e o ginásio de esporte. E em frente à Escola, o grande e novo Salão Comunitário.

Capela São Paulo, em Aguti. Foto: Carlos Pedrotti.

As pessoas da comunidade lembram muito alguns dos antigos padres que trabalharam em Aguti e nas capelas vizinhas, que, antes de 1989, todas faziam parte da paróquia de Boiteuxburgo-Leoberto Leal: Pe. Gaspar Demmler, Pe. Afonso Persch, Pe. José Ely e Pe. Armando Fritzen. Bastantes dificuldades, para visitar essas comunidades, tinham os padres por causa das estradas muito ruins.

No inverno, havia trechos que não davam passagem, sendo então necessário abrir picada pela capoeira do lado para contornar os profundos atoleiros. Os padres ficavam dois ou mais dias em cada comunidade, pousando na sacristia e fazendo refeições em alguma casa de vizinhança. Durante os dois dias, eles davam catequese, faziam palestra para preparar os noivos ao casamento, atendiam confissões, davam instrução para o povo, faziam os batizados e casamentos e escreviam a crônica da visita.

As estradas eram tão precárias que não somente os padres sofriam, mas os colonos e todos que as usavam. Por exemplo, um comerciante, que tinha caminhão, levava três dias para ir a Nova Trento, aonde levava os produtos dos colonos: feijão, milho, ovos, galinhas, e de lá trazia as coisas que precisava para abastecer o seu comércio.

O caso da “Mina”

Digno de lembrança é o caso da “Mina”, localizada a certa altura da estrada que sobe ao chamado Morro da Catinga. Nos tempos melhores da exploração do tungstênio naquela mina, havia lá uma verdadeira vila com 25 casas, ótima farmácia e escola. “Era uma bela vila”. Um túnel de 170 metros morro adentro levava ao núcleo da mina. Passou de dono em dono e há vários anos está desativada e abandonada.

Aguti tem muitas famílias de origem alemã. Inclusive, ainda há alguns mais antigos que falam o alemão. A maioria deles veio da região de São Pedro de Alcântara e Angelina. São os Meurer, Mayer, Müller, Loffy, Pering, Gorges, Hoffmann, Reuter, Welter, Renger. “Vinham em busca de terras novas”, conta Décio.

Aguti é comunidade extensa com as seguintes tifas: o núcleo central da Vila, o Reginaldo, Mato Grosso (de Cima e de Baixo), Rio Branco, também conhecido como Sapo, Ribeirão do Meio, Baixo Capivara, Poço Bonito, Tifa dos Alemães ou dos Will, Estrada para o Trombudo e a Estrada Geral.

Marcas de picaretas ainda são vistas na mina. Foto: Cleber Battisti Archer.

Nome antigo de Aguti, ainda usado frequentemente, é Cutia. Foi mudado para Aguti, quando, no governo do prefeito Irineu Busnardo, foi criado o distrito.

Pessoa de governo que deixou ótima lembrança foi o Fiscal das Estradas Marcos Mazzola. Em fevereiro, ele passava por todas as famílias ao longo dos caminhos avisando para limparem as margens. Em abril passava de novo. Vinha de Nova Trento, de bicicleta, até Aguti! Em Aguti alugava um cavalo e ia até Leoberto Leal. De feliz memória!

A comunidade católica de Aguti está bem organizada com celebrações de missa mensal, com boa frequência, culto presidido pelos ministros e ministras nos outros domingos; catequese, grupos de liturgia, canto, demais pastorais e Conselho de Pastoral (CPC).

Vestígios da mina ainda podem ser encontrados na localidade. Foto: Divulgação,

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