Há 5 anos, em 23 de julho de 2013, um fenômeno meteorológico histórico transformou o cotidiano de todos os neotrentinos. Uma massa de ar polar de proporções incomuns fez cair neve no município e baixar a temperatura a graus extremos. Relembre como foi esse dia na matéria abaixo publicada  na edição impressa de O Trentino daquele ano.

…Eram os primeiros minutos de uma terça-feira, 23 de julho de 2013. Recolhidos em suas casas, os neotrentinos abrigavam-se de um frio descomunal, mas poucos poderiam prever que neste horário estava prestes a iniciar um fenômeno raro no município: a precipitação de neve.  Foi quando os primeiros flocos começaram a pipocar e a pintar de branco o cenário do Santuário de Nossa Senhora do Bom Socorro, a 525 metros de altitude. Quase no mesmo instante, a precipitação ocorria a apenas 200 metros, no bairro Morro da Onça.

Ao meio dia do dia 23 de julho, a neve ainda se acumulava no Morro da Cruz. Foto: Janari Piva

O fenômeno ocorreu por pelo menos uma hora, no instante em que a temperatura oscilava entre zero grau e -1º C. O meteorologista de Nova Trento Adriano Battisti, que adiantou informação sobre a possibilidade de ocorrer o evento climático em solo neotrentino no início da última semana, cujo alerta foi publicado na capa da última edição de “O Trentino”, foi um dos primeiros a subir ao Morro da Cruz.

“Quando detectei que já estava nevando em Racho Queimado (SC), previ que o mesmo estava prestes a acontecer aqui, já que o santuário fica em altitude similar. Subi à meia-noite e logo começou a cair a neve, avisei o máximo de pessoas que pude”, conta o jovem de 25 anos que faz mestrado na área, na Universidade Federal de Santa Maria.

Registro de neve ainda na madrugada, no Morro da Cruz. Foto: Acioni Cassaniga.

Adriano explica que a ocorrência deste tipo de evento só foi possível devido à existência de uma massa de ar polar extremamente forte. “A frente desta massa, onde se concentram as chuvas e as temperaturas mais baixas, está estacionada exatamente sobre Santa Catarina”. Para ele, o fenômeno é realmente histórico. Algo parecido teria acontecido em 1955, quando houve registro de neve na cidade. Depois, em julho do ano 2000, com a incidência de geada negra.

“O que mais me surpreendeu no fenômeno atual foi a acumulação de neve, que em alguns ponto permaneceu até meio-dia, e a baixa cota altimétrica, ou seja, houve precipitação até mesmo em pontos que não eram tão altos”, explica o meteorologista. Em Nova Trento, houve registro de neve no Morro da Onça, Claraíba, parte alta do município, e nos montes Barão, Vela Vista e Santuário de Nossa Senhora do Bom Socorro.

Valsugana foi uma das áreas onde o cenário ficou mais encantando. Foto: João Paulo Daicampi

O Morro da Cruz, pelo acesso próximo e fácil, atraiu algumas centenas de pessoas da cidade e região durante todo início da madrugada até perto do meio dia, quando o sol radiante dissipou a camada de gelo que chegou a se aglomerar em praticamente todo espaço livre do complexo religioso.

Para a quase totalidade das pessoas, familiarizadas com fotos e filmes de nevascas na Europa e outros países, foi uma emoção incomum, por terem tido o primeiro contato real com tal fenômeno. Daí o interesse em construir bonecos de gelo e deixar-se fotografar junto a eles e em todo lugar onde havia neve como parte do cenário. No dia seguinte, 24 de julho, a temperatura chegou a -2º C e houve geada em todo o município.

No Monte Bela Vista, um dos mais altos do município, Guilherme Wisintainer fez este belo registro.
Pitanga também teve cenário modificado naquele dia.
Alecxandra Wilcke fotografou o fenômeno em Claraíba.
Em Vigolo, a paisagem gelada foi captada por Emerson Piffer.
Trinta Réis e seus campos que ficaram gelados. Foto: Janari Piva

 

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