Quem vai pela estrada geral em direção ao interior do município, sempre ladeando o Rio do Braço, encontra, mais ou menos a meio quilômetro antes da igreja de São Valentim, uma placa ao lado da estrada indicando ‘Gruta de Nossa Senhora das Graças’. A gruta se localiza onde antigamente estremavam as terras das famílias Montibeller e Cadore. Hoje, a propriedade é da família Daicampi, que, nos últimos 40 anos, sempre tem zelado pela gruta, zelo partilhado pelo CPC da comunidade de São Valentim.
Atualmente, pode-se ir de carro, por uma boa estrada, de 150 metros, ao local, um conjunto de grandes pedras, embaixo das quais se localiza a gruta. Anos atrás, só se subia a pé, por uma íngreme trilha. É muito acolhedor o lugar. Compensa o sacrifício da subida. No interior da gruta há várias imagens e quadros: de Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Bom Parto, Maria com o Menino Jesus nos braços, Santa Paulina e outros, mas a principal imagem é a de Nossa Senhora das Graças. Pelo lado de fora da grande pedra, pode-se subir, por uma escada de cimento, até o alto da pedra, onde se encontra uma cruz e donde se tem uma bela visão.

Como tudo começou?
Essa bela história vem de longe. Já há muito tempo se dizia em São Valentim aos domingos à tarde: “Vamos rezar o terço na santa cruz?” Mas quem fez da gruta um oratório dedicado a Nossa Senhora e quando isso foi feito são detalhes históricos que não se conservaram com precisão na memória dos atuais moradores. Um dos mais idosos são valentinenses, Cirilo Dalprá, octogenário, diz que quando ele era criança já existia o oratório e que, com certeza, ele tem mais de 100 anos. A primeira imagem lá venerada era um quadro de Nossa Senhora, que, com o tempo, se deteriorou e foi substituído por imagem de gesso. Em frente à gruta, há lugar para estacionar e bancos para sentar. Rede de energia também foi puxada para o local.
Sempre houve devotos zeladores do oratório, desde os antigos proprietários das terras, depois pelos Dell’Agnolo, os Abelino, até os atuais Daicampi. Dona Quinha Tridapalli Zanluca ia muitas vezes de Nova Trento até lá a pé. Mas houve também certo período em que a grutinha ficou um tanto “esquecida”, diz Cirilo.
Atualmente, sempre em setembro, a imagem de Nossa Senhora é levada, em procissão luminosa, desde a gruta até a igreja, onde se celebra festiva missa, seguida de alegre jantar no salão da comunidade. O povo continua assim a centenária devoção a N. Sra. das Graças.